domingo, 4 de julho de 2021

GARÇAS

                                                  Garças às margens do rio de Upanema

Todas as tardes é o mesmo espetáculo. Elas vêm, segundo um transeunte, do Sítio Paud'Arco.

A propósito, um texto de Monteiro Lobato:

AS GARÇAS

Abro a janela. Que paisagem! Céu, serra e vale. Céu - gaze de puríssimo azul translúcido. Serra - a Mantiqueira, rude muralha de Safira. Vale - o do Paraíba, tapete sem ondulações que lhe enruguem o plaino.
Que é aquilo no azul da serra? Um ponto branco. Um voo lento de giz sobre a imprimidura do cobalto.
Garça! Reconheço-a logo pela amplidão do voo. Que maravilha o voo por manhã assim. Neve sobre azul....
Súbito...
- O bando!
Vinham em bando alongado, ora a erguer-se uma, ora a baixar-se outra, estas ganhando dianteira, aquelas atrasando-se. Passam a quilômetro da minha janela, tão perto que lhes percebo o aflar das asas. Mas...
- Outro bando! E outro, atrás! E outro bem longe!...
Jamais vi tantas e em tão formoso quadro. Montavam o rio. Emigravam. Passavam. Passaram... E deixaram-me com a alma tonta de beleza, a sonhar mil coisas, a rever o lindo voo de cegonhas que Machado de Assis evoca - as cegonhas que das margens do Ilisso partiam para as ribas africanas... 

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